domingo, 16 de agosto de 2015



Contos de Cidade Pequena - Parte 1 - À três
By Carla Pepe

Lá vinha Clotilde, menina nova, cheia de vida, faceira, era ela,a fogueira infeliz . Era dia de Missa e  vinha ela, com seu vestido apertado, os seios quase escapando, a saia curta subindo, a infeliz. Os quadris rebolavam numa cadência que mais parecia uma dança ensaiada. Era loira tingida de cabelos compridos, pernas longilíneas e sempre usava salto. Trabalhava na prefeitura para comprar suas coisas de mulher. Mas ultimamente tinha decidido que não queria mais ficar sozinha, precisava encontrar alguém com quem dividir a vida. Estava cansada dos meninos e seus namoricos sem sal. Queria um homem que lhe pegasse de jeito, mas que também lhe oferecesse casamento, antes que ficasse passada feito Laurinda, a professora de literatura.

Marivando ficava ali na birosca acompanhando o passar da Clotilde. O suor vinha frio porque, de uns tempos para cá, ela vinha dando umas olhadelas diretas para ele. Ele, que nunca se achou lá essas coisas, não entendeu porque afinal era objeto de tal admiração. Era era homem de pouca instrução, mais velho, vestimenta simples, mãos rudes. Gostava mesmo de lidar com seu gado e roçado. Era uma pessoa de hábitos: aos domingos ia a Missa, tomava uma cachaça e comia churrasco. Um sábado ou outro, fazia uma visita na casa da D. Vavá para aliviar a perturbação da semana. Na juventude, teve uma paixão por Laurinda, mas ela nunca lhe deu um olhar sequer. Caso tivesse feito, teria lhe dado até a lua, se assim ela quisesse. Mas agora, suava frio, porque Clotilde, essa menina, era nova, parecia cheirar a perfume e encrenca na certa. Sentia o suor escorrendo pelo rosto só de pensar no interesse da jovem por ele. Mas seus pensamentos foram interrompidos porque, para sua surpresa, surge no começo da calçada, Laurinda.

E eis que surge a terceira parte do trio da nossa história, Laurinda, professora de literatura, mulher madura, séria, cabelos cacheados, cor de cobre, seus pensamentos estavam sempre nos romances e histórias que lia aos alunos. Era cheia de curvas, seios fartos, coxas grossas, nas quais um homem podia se perder o dia inteiro. Ela era de uma beleza clássica, menos óbvia. Ela tinha uma presença forte, mas parecia ter uma fragilidade escondida, que ele sempre sentiu necessidade de proteger, de te-la em seus braços. Ela vinha com seu melhor vestido de Missa. Estava apertado o danado. Em Laurinda, tudo parecia extrapolar: a seriedade, o pensar, os seios, as coxas. Laurinda aquecia o sangue de Marivando até hoje.

Ela lhe lançou um olhar demorado e lhe deu um sorriso. Ele sentiu tudo endurecer. Afe Maria essa mulher!!!

E de repente, Clotilde e Laurinda se cumprimentaram e seguiram para a Missa. E ele ficou ali, vendo as duas entrando na Igreja perdido sem saber como iria rezar agora, em que só conseguia pensar em lascívia. Neste momento, preferia começar pela cachaça, mas isso o Padre não iria perdoar. Então, só lhe restava respirar fundo e seguir, porque ele sentia que aquela seria uma longa penitência.

Em breve a Parte 2











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