quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"E serás único no mundo para mim..." (Antoine de Saint-Exupéry)




"E serás único no mundo para mim..." (Antoine de Saint-Exupéry)


A animação "O Pequeno Príncipe" da Paris Filmes do ano de 2015 parece mais uma animação para crianças, mas supera as expectativas. A proposta do diretor Mark Osborne é ir além do romance de Saint-Exupéry. É captar sua essência, é resgatar o quão belo são os encontros que temos na vida. Como somos todos seres singulares e únicos e fazemos uma grande diferença, quando queremos, daqueles que amamos.

O desenho-filme conta a historia de uma menina cuja mãe traça um plano de vida para ela: será um dia vice-presidente de uma grande corporação e para isso ela tem que entrar numa escola de renome. A menina conhece tem um vizinho idoso que cria a história do Pequeno Príncipe e fica amiga dele. E assim, vai descobrindo a vida: a brincadeira, o riso, criar histórias, pintar, se sujar, cair,  se machucar, se arriscar. Aprendizados que não estarão nos livros, nem no plano de vida traçado pela mãe.

Ver a animação nos transporta para infância: brincar na rua, pique-bandeira, pique-pega. Mas também nos conduz às expectativas dos nossos pais que acreditam ser importante para quando ficarmos adultos: sermos fortes, bem sucedidos, capazes de lidar com o monstro que é o mundo lá fora. Minha mãe, por exemplo, queria manter em mim a capacidade de se sustentar sozinha para não passar o abandono que ela passou. Mas aí fica a pergunta: será que o abandono é apenas financeiro? Será que sustentar-se financeiramente deve ser a única preocupação no mundo?

Há trecos belíssimos da animação que ficam rodeando na mente: "eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo..." Atualmente a frase mais ouvida nos ambientes é "ninguém é insubstituível." Discordo de forma veemente. Somos todos insubstituíveis. Porque fazemos a diferença na vida das pessoas por onde passamos. Somos seres singulares, únicos, mesmo que chatos, loucos e, muitas vezes, cegos ao que nos cerca.

Desejo crer que a melhor possibilidade na vida é passar por ela fazendo barulho: nas palavras, nas orações, nas brincadeiras, no sorriso, nas lágrimas, nas colocações, até mesmo na linha do tempo do Face, do instagram ou whatsapp. Tão bom estar cercados de pessoas agregam valor:
boas músicas, leituras, brincadeiras, risadas (de preferencias às gargalhadas), beijos aos montes, abraço fortes,  bons filmes, boas séries, grandes e pequenas orações. No pequeno planeta que somos cada um de nós não existe fórmula para substituir as pessoas essenciais a nossa existência.

E assim, depois de saber que somos únicos para um certo grupo de pessoa e que um certo grupo de pessoa é unico para ti. Também tomamos conhecimento de que não existe outro igual a nós. E vamos tomando consciência da nossa inteireza. E é tão maravilhoso se reconhecer única, sem igual, incomparável, singular, que só isso já vale a vida que temos. Talvez essa seja a resposta para a pergunta do abandono. A preocupação no mundo deve ser: se reconhecer unico no mundo, inesquecivelmente amado e inteiramente aceito Isso basta e ponto final. Tenho dito!!!

Fui ali ver um céu de estrelas que riem e não sei se volto...









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