sábado, 3 de outubro de 2015



É preciso manter o foco - Parte 3 - Os corpos
By Carla Pepe

Eles haviam marcado na porta da cervejaria. Ele chegou um pouco da hora marcada e o lugar já estava cheio. Era Happy hour e o espaço fervilhava de gente jovem e animada.  Se arrependia da escolha, afinal deveria ter optado por um lugar mais intimista aonde pudessem conversar com mais reserva.  Mas o lugar surgira rapidamente, uma vez que eles haviam trocado meia duzia de palavras por mensagens. A decisão de se encontrar veio para ver o que aconteceria entre eles. Ele estava na espera de vê-la chegar. Consultou o relógio e viu que ela estava um pouco atrasada. 

Ela vinha caminhando devagar, estava ansiosa e muito nervosa. Tinha demorado mais tempo para se arrumar e acabara se atrasando um pouco. Tinha consciência de que era uma mulher fora dos padrões de beleza , estava acima do peso, era baixa e de rosto comum. Resolvera caprichar no visual, optara por um vestido preto de alças com um generoso decote que favorecia os seios fartos e disfarçava os quadris largos e as coxas grossas, usava sandálias finas nos pés. Pusera um novo batom magenta, sombra nos olhos e notas do seu perfume predileto. A lingerie era nova, decidira comprar um novo conjunto de renda vermelha que ficara realmente muito sensual no seu corpo volumoso, dando destaque ao que valia a pena ver. Ela o avistou na porta da cervejaria.

Ele a viu de longe:  o tempo parou de girar, o ar faltou aos pulmões e as pessoas ao redor ficaram em segundo plano. Ela estava arrasadora, tinha uma sensualidade natural que exalava em cada movimento. Ele conseguia ver o contorno dos seios, a alça vermelha do sutiã, as coxas pela fenda no vestido. Jesus! Ele já estava louco só de pensar no que poderia acontecer entre eles. Maldição! Por que marcara naquele lugar tão barulhento e tão cheio? Neste momento, tudo que gostaria era de tê-la só para ele, para toca-la, beija-la e tirar seu batom. Como que interrompesse seus pensamento, ela se aproxima e ele pode sentir o perfume  e a sensualidade do momento. Ele sugere que possam ir a um outro lugar, uma vez que aquele está cheio e não há vaga disponível. Ela aceita a sugestão imediatamente.

Lado a lado eles caminham pela rua. Ela deixa que ele decida qual seria o lugar aonde tomariam a cerveja. Ela lhe conta sobre seu novo projeto de trabalho e ele fala da sua recuperação da cirurgia e do retorno as atividade diárias. De repente, um novo esbarrão faz com que seus corpos se encontrem e aí um explosão de sentimentos acaba por acontecer. Ele a puxa para si e a beija com sofreguidão, ela corresponde. As mãos dele procuram avidamente seu corpo e ela não consegue mais pensar em nada. Seu corpo corresponde quase que naturalmente aquela paixão que a consome por dentro.

E assim, sem que ela soubesse como, eles vão parar num quarto de hotel. Lá protegidos pela privacidade seus corpos podem enfim se entregar ao fogo que os consome. Se fundem em um só num estrondo de prazer. As mãos dele percorrem seu corpo como um caminho já conhecido. A boca dela percorre o corpo dele como se quisesse extrair o nectar mais puro. E assim, eles passam a noite numa paixão avalassadora: mãos, pés, boca, seios, coxas e todo corpo são completamente entregues um ao outro. Ela faz coisas com ele que o enlouquecem. Ele se surpreende com a entrega dela numa primeira noite de paixão.

A noite dá lugar ao dia e ela desperta se dando conta de tudo que aconteceu. Como pudera se entregar daquela forma. Nunca tinha acontecido aquilo na sua vida. Quais seriam os próximos passos? O que esperar? Ela não tinha tempo para compromisso sério. Mas eles nem tinham discutido nada. Na verdade, eles não tinham nada, a não ser aquela paixão que era fogo que ardia sem que se conseguisse ver. Ela decide se levantar e silenciosamente ir embora.








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