sábado, 23 de janeiro de 2016

Ode à vida do jeito que você quiser viver - Carla Pepe


Ode à vida do jeito que você quiser viver
By Carla Pepe



Já dizia um velho samba que "sonhar não custa nada...". Sonhos são muito particulares e pessoais, no entanto, muitas vezes nossas metas são moldadas, mesmo que não saibamos, pelo contexto socioeconômico e cultural  no qual vivemos. O modo de agir, falar, pensar, andar está influenciado pelo universo que nos cerca.

Uma coisa que tem me incomodado é uma serie de pessoas que postam fotos do quanto estão magros e felizes.  Estão felizes agora como se nunca tivessem sido antes. Será que a felicidade é tão fugaz que está ligada somente ao seu corpo ? Será que a felicidade não está ligada também aos seus bons relacionamentos, aos seus sucessos profissionais, pessoais, ou mesmo, espirituais? Como pode sua auto estima estar tão relacionada a estarem magros?

Para mim,  corpo e alma estão completamente ligados. Sou por fora o que sou por dentro. Se estou, hoje, linda por fora é porque por dentro o trabalho já vem sendo feito de longa data. Na história da humanidade, houve tempo em que ser gordo era a coisa mais linda do mundo. Os bebês mais bonitos eram os gordos, as mulheres mais pintadas pelos artistas eram obesas e assim sucessivamente, isso porque comer era artigo de luxo. Atualmente ainda é, dependendo de que classe social estivermos falando. E em que sociedade estivermos morando.

Infelizmente, vivemos numa sociedade capitalista que precisa encaixotar as pessoas: os magros, os sarados, os gordos. E se é gordo não é saudável. Porque gordo só come merda. Não é uma verdade absoluta. Existem magros que também só comem porcaria. Na verdade, hoje acredito que as receitas são individuais. O que serve para mim, não necessariamente, serve para você. Existem pessoas gordas que curtem comer de forma saudável e gostam de praticar exercícios. Fazem Ioga, correm, dançam, escalam e, detalhe, com um pique maior do que muito magrinho sarado.

Atualmente temos avanços nas discussões de repensar os padrões: movimentos pela real beleza, campanhas plus size, mas a verdade é que nada disso seria necessário se fôssemos realmente uma sociedade inclusiva. O que pretendo dialogar é com um modo único e singular de gerir a vida, de entender que sobreviver é muito mais complexo para cada um de nós. Os sonhos são diferentes para cada um. O que para uns é um sonho pode ser um pesadelo para outros. E vice-versa.

É essencial entender que cada um deve seguir o caminho que melhor achar, sem colocar o dedo na cara do outro e dizer o quanto ele é isso ou aquilo, porque não fez o mesmo que você. Deixe de ser um pouco narcísico e seja mais generoso. Pare de ser olhar tanto no espelho e olhe para quem está do seu lado, apenas tentando ficar feliz com a imagem que vê. Você sabe o que é melhor para sua vida. O que pode fazer pelo outro é dar-lhe a mão, se ele pedir. Enquanto isso, seja generoso, olhe profundamente ao seu redor, deixe de fazer afirmativas absolutas. Nenhum de nós sabe nada sobre nada ou tudo sobre tudo.

Eu, sinceramente, descobri que o melhor jeito de ser feliz é viver a minha vida do jeito que eu quero. Minha vida é somente minha e todos os dias agradeço a dádiva de ser eu. Desde que eu parei de pensar sobre o que alguém vai achar sobre mim, de achar que as pessoas merecem qualquer explicação sobre o que faço, visto ou penso, eu passei a ser muito mais feliz. Eu me amo, eu me conheço. E fim.


Nenhum comentário: